segunda-feira, 30 de março de 2009

UM FANTASMA EM MINHA CAMA


UM FANTASMA EM MINHA CAMA

Vocês têm medo de fantasmas? Eu não...Não hem!!!

Devia ter meus oito ou dez anos de idade quando comecei a ouvir estranhos ruídos à noite em nossa casa. Pareciam passos de seres humanos que perambulavam pela casa toda depois que todos nós nos recolhíamos para o aconchego de nosso leito. De manhãzinha queixava-me para minha mãe:
--Ouço passos, tem gente caminhando pela casa à noite. Será algum fantasma?
E mamãe respondia:
--Deixe de ser boba menina, são ratos no sotão.
--Só se forem ratos gigantes.... respondia-lhe.

Papai, ciente da estranha caminhada noturna, seguido subia no sotão munido de armadilhas, venenos, insensos, alhos, crucifíxos, e lá deixava a fim de capturar o pretenso rato gigante ou afugentar o possível fantasma ou qualquer outra alma penada que fosse. Mais quê! O invisivel visitante noturno continuava com sua estranha caminhada de lá para cá e de cá para lá, sem se importar com os menores viventes da casa ( e os maiores também) que a estas alturas, cobriam-se até o ultimo fio de cabelo e urinavam na cama com medo de levantar-se após a meia noite.

Um dia, papai resolveu tomar providências mais drásticas e trouxe o pároco da vila para dar uma boa benzida na casa, na esperança de que as coisas se normalizassem. A água benta correu solta por todos os lados, cantos e fundos, não faltando uma dose extra para o sotão, já que é ali o esconderijo preferido de todos os fantasmas. Mas nada adiantou, nosso fantasma era incorrigível e incansável, quanto mais andava, mais queria andar. Com o tempo, acostumamos com o fantasma ou fosse lá o que fosse, era pacífico e o elegemos nosso guardião.

E o tempo passou...Quando mais mocinha, costumava deixar meus materiais escolares soltos na grande mesa da sala, juntamente com alguns livros e revistas. Nosso fantasma deu então, de ficar curioso. Bastava que apagássemos todas as luzes e lá vinha ele folhear as revistas devagarinho, como se estivesse a apreciar uma bela gravura ou a ler alguma coisa super-interessante. Não compreendíamos como ele lia ou via alguma coisa no escuro, mas afinal, fantasma é fantasma. As vezes, faziamos troça e escondíamos todos os livros e revistas dentro de uma pesada gaveta. Mas ele não se dava por vencido, abria a gaveta, tirava a revista preferida e ficava horas e horas entretido em sua leitura silenciosa só quebrada pelo vagaroso folhear das páginas que todos nós escutávamos. Se por acaso abríssemos uma fresta da porta de nosso quarto, é claro que nada víamos, a não ser, o clarão da lua projetando a sombra dos arvoredos através da porta envidraçada entre os móveis da sala espaçosa.


E foi-se mais uns tempos...Um dia, voltei para casa com um belo romance, disposta a lê-lo bem rapidinho. À noite, distraída com a boa leitura, não senti as horas passarem, e creio que era bem mais de meia noite quando alguém abriu a porta do meu quarto e falou:

--Apague essa luz!!!

--É você mamãe..? Perguntei, estranhando um pouco a voz e que ela não tivesse entrado em meu quarto e nem se manifestado como sempre fazia. Como não obtive resposta e devido a leitura havia esquecido completamente do nosso fantasma, continuei a ler aquele capítulo que já estava no finzinho. De repente, a luz apagou-se...
Demorei só uns instantinhos com os olhos fechados na escuridão, e quando os abro, vejo estarrecida, um estranho vulto todo de branco, envolto em uma espécie de auréola, sentado aos pés da minha cama. Por um átimo, tive vontade de esticar os pés e sentir se aquela figura era real ou imaginária, mas o medo falou mais alto, e com o coração quase a saltar-me pela boca, dei um grito tão grande ( ou seria berro), que acordou a casa toda e até a vizinhança. Nosso fantasma nunca mais apareceu. Deve estar lendo em outra freguesia. Ou vai ver, levou um susto bem maior que o meu e morreu do coração.
Doroni

Sobre a obra
Este conto tem um pouco de realidade e outro tanto de ficção, naturalmente vocês podem acreditar no que quiserem. Todavia, os fantasmas existem sim....

BRASIL, ONDE ESTÁ TUA ESPERANÇA?



BRASIL, ONDE ESTÁ TUA ESPERANÇA?


" Restaurar a democracia é restaurar a República".
( Tancredo de Almeida Neves)

Passaram-se 29 longos anos para que o sofrido povo brasileiro tivesse direito a voltar às urnas escolhendo livremente um novo Presidente para um Brasil tão violado. No dia 15 de Novembro de 1.989, o Brasil inteiro acordou emocionado. O povo, com o coração de esperança cheio, chegou às urnas e ali depositou o voto para o candidato de sua preferência. O povão Colloriu do Norte ao Sul. O Amazonas então, deslumbro-se, Colloriu pra valer. A Classe mais abastada, votou em Collor por não ter nada a perder. A Classe pobre votou em Collor na esperança de dias melhores. Eu, que faço parte da classe media, não votei em Collor. Não tinha nada contra ele e até o achava bem bonitão, mas aquela conversa de caçador de Marajás, o destoou e não me convencia. Ora, qual o Marajá que do alto do seu poder e glória vai se deixar caçar? Eu estava com Brizola, mas acabei dando meu voto à Covas, por achar que ele daria um bom Presidente. Enfim, governo pior do que este que estávamos tendo, era impossível. A classe média, que se não é a maioria, é composta por um bom tanto de gente, dividiu seu voto entre: Lula, Brizola, Afif, Covas e Freire. E aí, deu no que deu: segundo turno entre Collor & Lula.

Collor tem votos garantidos nas mais altas esferas de todo o empresariado e de um bom tanto de gente ignorante desse Brasil. Ah... berço esplendido! Já o Lula, é o candidato dos menos favorecidos, líder de uma determinada classe, tendendo mais para o plebeu que para o patrício, mas com enormes chances de chegar a Presidência da República, e venha fazer um governo melhor, mesmo criando conflitos, rebeliões e revoltas entre os guardiões o poder. E agora, Collor ou Lula, Lula ou Collor? Porque não: Brizola ou Afif. Covas ou Freire? Creio que o Brasil estaria bem mais posicionado; nem patrício ou marajá, e nem plebeu ou líder.

Mas, na atual situação em que o Brasil se encontra, onde a corrupção campeia solta nos mais altos escalões do governo, onde o tráfico de drogas é disputado numa luta de morte, onde os chefões mesmo presos gozam de liberdade favorecida, onde a inflação já há muito entrou na casa do pobre, tirando-lhe até o direito ao sagrado pão de todo o dia, onde a mendicância e o analfabetismo aumentam de uma maneira assustadora, será difícil para um futuro Presidente quando tomar as rédeas do poder, tirar o Brasil dessa crise insuportável em que se encontra, mesmo com a maior das boas vontades e mesmo tendo mãos e ferro de punhos de aço. Ah, meu Brasil, terra tão generosa, berço tão pródigo, universo tão verde...Onde está tua esperança?
Doroni

sobre a obra
E passaram-se mais 19 anos. O que mudou? Texto feito a pedido do Jornalista Waldek Moraes Neves ( queria saber qual o candidato dos Manauaras ) e editado na coluna Cultural do jornal “ A voz da Noroeste" –Valparaíso- SP em – 28-11-89

CONSCIÊNCIA FALA?


CONSCIÊNCIA FALA?


Joãozinho sempre foi um menino lavado, mas agora, apesar de ter só 6 aninhos, estava ficando malvado também. O que ele mais gostava de fazer, era de jogar pedrinhas nos passarinhos que vinham catar migalhas de pão que sua irmã deixava no quintal especialmente para eles. Gostava também de maltratar a Mimi, gatinha de sua mãe e de judiar do Totó, o cãozinho da vizinha.
Um dia, ele subiu numa escada que estava encostada no muro, só para sondar o Totó, que dormia sossegadinho à sombra de uma mangueira que se encontrava carregadinha de manga . Joãozinho, malvado que só ele, mais que depressa, tirou uma manga verdinha do pé e atirou-a no Totó. Para azar do cãozinho, a manga acertou-lhe em cheio na cabeça, e entre o susto e a dor, Totó latiu feito um condenado. Joãozinho assustado, correu para o lado de sua mãe pensando que matara o cãozinho da visinha
A mãe, depois de acalmá-lo, disse-lhe que jamais devemos maltratar os animais, pois eles tais como nós, também são filhos de Deus e nossos grandes amigos. Disse-lhe ainda que se continuasse a maltratar os animais sua consciência ia falar mais alto, gritar mesmo. Joãozinho ficou intrigado, esta história devia ser balela pois consciência não fala.
Dias depois, estava ele sentado na varanda, quando viu os passarinhos no quintal. Imediatamente procurou as pedrinhas no bolso e foi se chegando de mansinho, quando teve a impressão que um dos passarinhos falou:
--Não me machuque!
Ora pensou ele, será que o passarinho falou mesmo?
Ficou esperando que o passarinho repetisse a fala mas isto não aconteceu. Joãozinho intrigado perdeu a vontade de atirar pedras nos passarinhos.
Mais tarde, conseguiu pegar a Mini e lutava para amarrar um elástico em seu rabinho, quando de repente ouviu ela dizer:
--Menino malvado!
Nossa! ele exclamou assustado: -a Mimi também falou?
Largou-a rapidamente e ela correu a se esconder embaixo da cama. Não vou mais maltratar a Mimi, pensou, ela esta falando e bem que pode contar a mamãe das minhas malvadezas.
Numa certa manhã, foi a vez do Totó. Joãozinho já estava pronto para atirar-lhe outra manga, quando de repente ouviu:
--Não me maltrate, sou seu amigo!
Joãozinho quase cai da escada, nunca havia pensado em Totó como amigo e muito menos imaginá-lo falando. Ficou olhando para o Totó que com aqueles olhinhos tão doces e tristes, o encarava abanando o rabinho. Era verdade sim, Totó era um amigo, tão amigo que deixava os passarinhos e os gatos dos visinhos comerem a sua ração e se servirem de sua água. A manga verde foi escapando de sua mão e ele perdeu a vontade de atirá-la em Totó ou em qualquer outro animalzinho que passasse por ele.
Depois daqueles dias, Joãozinho nunca mais ouviu os animais falando, mas também, nunca mais maltratou- os. Em sua cabecinha, continuava uma dúvida: "Será que os animaizinhos falaram mesmo com ele, ou fora sua consciência que falara mais alto como sua mãe havia dito?"
Doroni

domingo, 29 de março de 2009

O RIO AMAZONAS


O RIO AMAZONAS

" Da altura extrema da cordilheira,
onde as neves são eternas,
a água se desprende e traça um risco trêmulo
na pele antiga da pedra. O Rio Amazonas
acaba de nascer " (Thiago de Mello)

Quando eu cursava o ginasial e a professora de geografia dissertava sobre o Rio Amazonas,
em minha mente vinha o pensamento vago de um grande rio, mas não estava preparada para o que vi tão logo aqui cheguei.

O Rio Amazonas, é um colosso, um gigante a se perder de vista, comparado ao oceano, é um mar de água doce. É sabido que nasce de um fio de água que brota no Lago Lauricocha, na cabeceira dos Andes, desce o Vilcanota e vai tomando corpo no Urubamba que logo se engrossa no Maranõn, para só então, abrir-se no caudal do Rio Solimões. Com esse nome, entra no Brasil e caudaloso avança, dono de seu caminho, até encontrar-se com o misterioso Rio Negro, formando então o grandioso Rio Amazonas, o qual atravessa o Brasil, percorrendo todo o estado do Amazonas e Pará, indo desembocar no Oceano Atlântico. Possui a mais extensa via fluvial do Planeta com seus 7.200 Km de extensão e é a maior bácia hidrográfica do mundo, abrangendo 6.915.000km2 de áreas internacionais e 4.787.417 km2 de áreas brasileiras .

Em sua história, conta-se que em 1.500, o navegador Espanhol Vicente Yañes Pinzón, foi o primeiro a pisar em solo Amazônico, quando em uma de suas viagens chegou até o cabo de Santo Agostinho, explorando a Fóz do Amazonas, o qual chamou de Marañon. Mas o primeiro a descer o Rio descobrindo-o por inteiro, foi o naveador Espanhol Francisco Orellana em 1.539/1.543, e a ele coube a descoberta do caudaloso Rio, ao qual deu o nome de Amazonas por ter encontrado em seu território, índias guerreiras, as famosas e lendárias Amazonas.

O Rio Amazonas, apesar de estar poluído, ainda é pródigo em peixes. Os estudiosos calculam que existe em suas águas duas mil espécies de peixes, sendo que 150 espécies são ornamentais e das quais, 52 espécies são comercializadas. Para o consumo na alimentação humana, são conhecidas 50 espécies de peixes, o que vem a ser, a alimentação básica do caboclo amazonense.

À noite, quando sobrevoamos a região, ou mesmo quando estamos passeando por sua orla, o Rio, com seus gigantescos pretoleiros ancorados no porto flutuante, seus belos navios de carga e de turismo, seus grandes e pequenos barcos pesqueiros, com suas inúmeras luzinhas piscando aqui e alí ao longo do Rio, oferecem-nos um espetáculo maravilhoso. É um céu estrelado pirilampeando sobre o reflexo das águas profundas, onde a lua, as lendas e as sereias também encantam.


A LENDA DAS AMAZONAS

O Rio é a vida da gente
correndo mansa nas águas
alimentando inclemente
lendas, mitos e mágoas.

Descendo o Rio na incerteza
as expedições prosseguiam
em busca de nossas riquezas
na cobiça persistiam.

Mar Dulce, Orellana, Marañon,
qual seria o nome ideal,
para o grande rio cobiçado
pela Espanha e Portugal?

Mas surge então as guerreiras
com arco e flexa nas mãos,
alvas, nuas, feiticeiras
que matavam sem perdão.

Lutavam como heroínas
defendendo o seu território
amando pois as meninas
tinham desejos simplórios

Depois sumiam na selva
levando no ventre uma cria
deixando aqui entre as trevas
saudade por companhia

E assim, surgindo do nada
como a lenda ou vento frio
as amazonas indomadas
deram nome ao grande Rio.

Doroni

sábado, 28 de março de 2009

A LENDA DA VITÓRIA RÉGIA

















A LENDA DA VITÓRIA RÉGIA

"ÍNDIA SANGUE TUPI
TENS O PERFUME DA FLOR..."

A LENDA

Conta a lenda, que uma jovem índia da tribo Tupi-Guarani, chamada Naiá, queria muito ser estrela. Ela acreditava que a lua escolhia as moças mais bonitas para serem transformadas em estrelas, e para isso, procurava alcançar a lua, escalando colinas e mais colinas, sem contudo poder alcança-la. Uma noite, vendo a lua refletida nas águas de um lago, atirou-se nele para nunca mais voltar. A lua, condoída da jovem índia, transformou seu corpo numa formosa planta que é a exótica Vitória Régia ( estrela das águas) , cujo perfume recorda os longos cabelos da bela índia.

A VERDADE

Na verdade, a Vitória Régia é uma planta aquática da família das ninfeáceas, encontrada muito na flora Amazônica, principalmente nas várzeas, onde são vistas flutuando nos lagos de pouca profundidade e sem muita correnteza. Sua gigante folha verde chega a medir dois metros de diâmetro e tem as suas margens levantadas até quinze centimetros. Chega a pesar até 45 kg. e serve de pouso a muitas aves cansadas depois de uma longa jornada. Flutuam nos lagos como uma enorme bandeja verde, trazendo em sua extremidade, como uma oferenda, uma única, bonita e exótica flor que se abre no crepúsculo vespertino e fecha-se no crepúsculo matutino. Essa for é muito aromática e tem de 25 a 35 cm de diâmetro quando aberta. Suas raízes fixam-se no fundo das águas e suas folhas e flores, são revestidas de espinhos na parte inferior, numa defesa natural contra a ação predadora dos peixes. Além dos lagos da Amazônia, a Vitória Régia pode er encontrada também em Mato Grosso e nas Guianas. É cultivada como raridade nos Jardins Botânicos de todo o mundo, devido ao tamanho descomunal de suas folhas e flores. Dizem que um naturalista Inglês, querendo homenagear a sua soberana, a Rainha Vitória, foi quem deu o nome a esta flor de Vitória Régia.