UM FANTASMA EM MINHA CAMA
Vocês têm medo de fantasmas? Eu não...Não hem!!!
Devia ter meus oito ou dez anos de idade quando comecei a ouvir estranhos ruídos à noite em nossa casa. Pareciam passos de seres humanos que perambulavam pela casa toda depois que todos nós nos recolhíamos para o aconchego de nosso leito. De manhãzinha queixava-me para minha mãe:
--Ouço passos, tem gente caminhando pela casa à noite. Será algum fantasma?
E mamãe respondia:
--Deixe de ser boba menina, são ratos no sotão.
--Só se forem ratos gigantes.... respondia-lhe.
Papai, ciente da estranha caminhada noturna, seguido subia no sotão munido de armadilhas, venenos, insensos, alhos, crucifíxos, e lá deixava a fim de capturar o pretenso rato gigante ou afugentar o possível fantasma ou qualquer outra alma penada que fosse. Mais quê! O invisivel visitante noturno continuava com sua estranha caminhada de lá para cá e de cá para lá, sem se importar com os menores viventes da casa ( e os maiores também) que a estas alturas, cobriam-se até o ultimo fio de cabelo e urinavam na cama com medo de levantar-se após a meia noite.
Um dia, papai resolveu tomar providências mais drásticas e trouxe o pároco da vila para dar uma boa benzida na casa, na esperança de que as coisas se normalizassem. A água benta correu solta por todos os lados, cantos e fundos, não faltando uma dose extra para o sotão, já que é ali o esconderijo preferido de todos os fantasmas. Mas nada adiantou, nosso fantasma era incorrigível e incansável, quanto mais andava, mais queria andar. Com o tempo, acostumamos com o fantasma ou fosse lá o que fosse, era pacífico e o elegemos nosso guardião.
E o tempo passou...Quando mais mocinha, costumava deixar meus materiais escolares soltos na grande mesa da sala, juntamente com alguns livros e revistas. Nosso fantasma deu então, de ficar curioso. Bastava que apagássemos todas as luzes e lá vinha ele folhear as revistas devagarinho, como se estivesse a apreciar uma bela gravura ou a ler alguma coisa super-interessante. Não compreendíamos como ele lia ou via alguma coisa no escuro, mas afinal, fantasma é fantasma. As vezes, faziamos troça e escondíamos todos os livros e revistas dentro de uma pesada gaveta. Mas ele não se dava por vencido, abria a gaveta, tirava a revista preferida e ficava horas e horas entretido em sua leitura silenciosa só quebrada pelo vagaroso folhear das páginas que todos nós escutávamos. Se por acaso abríssemos uma fresta da porta de nosso quarto, é claro que nada víamos, a não ser, o clarão da lua projetando a sombra dos arvoredos através da porta envidraçada entre os móveis da sala espaçosa.
E foi-se mais uns tempos...Um dia, voltei para casa com um belo romance, disposta a lê-lo bem rapidinho. À noite, distraída com a boa leitura, não senti as horas passarem, e creio que era bem mais de meia noite quando alguém abriu a porta do meu quarto e falou:
--Apague essa luz!!!
--É você mamãe..? Perguntei, estranhando um pouco a voz e que ela não tivesse entrado em meu quarto e nem se manifestado como sempre fazia. Como não obtive resposta e devido a leitura havia esquecido completamente do nosso fantasma, continuei a ler aquele capítulo que já estava no finzinho. De repente, a luz apagou-se...
Demorei só uns instantinhos com os olhos fechados na escuridão, e quando os abro, vejo estarrecida, um estranho vulto todo de branco, envolto em uma espécie de auréola, sentado aos pés da minha cama. Por um átimo, tive vontade de esticar os pés e sentir se aquela figura era real ou imaginária, mas o medo falou mais alto, e com o coração quase a saltar-me pela boca, dei um grito tão grande ( ou seria berro), que acordou a casa toda e até a vizinhança. Nosso fantasma nunca mais apareceu. Deve estar lendo em outra freguesia. Ou vai ver, levou um susto bem maior que o meu e morreu do coração.
Doroni
Sobre a obra
Este conto tem um pouco de realidade e outro tanto de ficção, naturalmente vocês podem acreditar no que quiserem. Todavia, os fantasmas existem sim....
Este conto tem um pouco de realidade e outro tanto de ficção, naturalmente vocês podem acreditar no que quiserem. Todavia, os fantasmas existem sim....
Voce conseguiu matar um fantasma pela via de um infarto agudo do miocárdio ... Pra lá de criativo. Aqui visitando seu blog, e deixando convite para que também conheça o meu,pois estou apenas iniciando no mundo da blogsfera, mas já reencontrando amigos perdidos nos atalhos da caminhada ... Beijo e parabéns por mais esse talentoso trabalho!!
ResponderExcluirLegal, é a primeira vez que ouço dizer que fantasmas também morrem. Parabéns. Muito beme scrito
ResponderExcluirPrezada amiga,
ResponderExcluirMe diverti muito com este conto, fantástico. Ah, obrigado por estar seguindo meu simples blog. Queria pedir permissão para colocar no meu blog um link para indicar os seus blogs.
Abraço forte,
João
João, Bom dia!
ResponderExcluirÉ um enorme prazer saber que vc quer divulgar minhas obras entre seus amigos.
esteja à vontade.
bjs
Se adivinhar como descobri seu blog, ganha um doce.
ResponderExcluirGostei muito de sua história e, também, do blog. Pena que o fantasma levou um "piripaque" e história terminou. Não tem outra não?
Roberto
Roberto
ResponderExcluirQue bom vc por aqui.
e que bom que gostou do meu conto.
Como você me achou? Fácil demais...
Vc viu o link no meu perfil no Overmundo
ne, não?
bjs
Minha cara que delicia as coizas da natureza e a nossa Amazonia é Divina, e descrições assim emlezam mais ainda essa BELEZA!!!!! o abaço do poetadabaixada"
ResponderExcluirAh Dorni, parabens continue sempre assim.
ResponderExcluir22 de Abril Dia do Planeta TERRA! Viva a nossa Casa Planetária!
ResponderExcluirObrigada poeta
ResponderExcluirVc sempre gentil
Verdade,
esse planeta é a nossa casa!
por quanto tempo será?
bjs
È muito bom fazer amizades positivas, e eu encontrei bondade nas suas palavras , encintrei Amor, pelos demais, e anida pela Mãe Natureza.abraços, opoetadabaixada.
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