sexta-feira, 3 de abril de 2009

A LENDA DO BOTO

O BOTO

A LENDA

Na mitologia Amazônica, encontramos o Boto Rosa, que tem o poder de emergir das águas do rio a noite, e se transformar num belo homem, para seduzir as muheres que se sentem atraídas pelo seu estranho fascínio. Apresenta-se sempre de terno branco e traz na cabeça um chapéu também branco para ocultar os orifícios que estão em sua cabeça e pelos quais respira. A inexistência no Brasil de dados mais concretos até o século XVIII, faz supor que a lenda seja de origem branca e mestiça, com projeções nas culturas indígenas e ribeirinhas.


A lenda do boto é no mínimo interessante. Ela está ligada aos ribeirinhos, às festas juninas, aos bailes caseiros e populares, quando então, todos se encontram para as festividades e as moças colocam seus trajes mais bonitos, se enfeitam e aproveitam para namorar enquanto seus pais conversam distraídos e alheios a tudo. Nessas noites, geralmente de luar, o Boto aparece em forma de um homem alto, bonito, com um chapelão na cabeça e todo vestido de branco. Gentil e cavalheiro, todas as moças ficam encantadas e se deixam levar por sua beleza. E ele então, escolhe a mais bonita e a leva para a praia ou a beira do rio. E ali, tece e acontece, e o amor vinga de uma maneira, simples e direta, mas cheia de encanto e magia. Só que depois, some e nunca mais é visto pelas redondezas, e a garota carrega no ventre o fruto de uma noite de encantamento sem no entanto mostrar-se arrependida do ato consumado. Dizem que geralmente nasce um menino, o filho do Boto.


Deixo aqui, um poema de um grande amigo, poeta e trovador.


EU, O BOTO

Eu venho de um mundo
que tu não conheces;
--do onde, do quando,
o nunca, talvez...

Eu venho de um rio
perdido em teus sonhos,
um rio insondável
que corre em silêncio
entre o ser e o não ser.

Eu venho de um tempo
que os homens não medem,
nenhum calendário
registra os meus dias.
sou filho das ondas
que gemem na praia,
sou feito de sombras
de luz, de luar
e trago em meu rosto
mandinga e mistério
e guardo em meus olhos
funduras de um rio.

Cuidado, cabocla!
cuidado comigo
que eu sou sempre tudo
que anseias que eu seja:
--teus ais, teus segredos
tua febre e teu cio...

Se em noites de lua
sentires insônia
a fome de sexo
queimar tuas estranhas,
a sede de beijos
tua boca secar
e em brasa teu
corpo meu corpo exigir,
contigo estarei
na rede de encanto
cativo nas malhas
da teia do amor.

E quando teus olhos
fitarem meus olhos,
e quando meus lábios
teus lábios tocarem,
e quando meus braços
laçarem o teu
e quando meu ser
em teu ser penetrar
só então saberás
quem sou e a que vim.

E assim que a semente
do amor, do desejo,
vingar em seu ventre
gerando outro ser,
não mais estarei
contigo. Somente
a minha lembrança
permanecerá
boiando nas águas,
barrentas, confusas
de tua memória
cansada, febril...

--Foi sonho? -- foi fato
ninguém saberá!...

(Antonio Juraci Siqueira- autor do poema )

O SER EM SI

O Boto, foi descoberto e estudado cientificamente por Rodriguês Ferreira ( 1.790), e por Henry Walter Bates, um Inglês que permaneceu 11 anos fazendo pesquisa na região Amazônica. O cetáceo, é um mamífero completamente aquático que habita os rios do norte do Brasil. Possui uma cabeça grande, bico dentado e corpo afilado. É quase desprovido de pelos, possui grandes nadadeiras dianteiras, duas mamas em posição posterior, uma cauda que se finaliza em uma nadadeira longa e horizontal e um sistema de sonar sotisficado, localizado numa saliência da cabeça que emite ondas sonoras. Ao nascer pesa cerca de 7 kilos e chega a pesar até 150 kilos quando adulto.

O Boto é simbolo de sedução e energia vital porque os órgãos sexuais desse animal são muito parecidos com o dos humanos, e por isso a razão das lendas envolvendo os botos. Atualmente, o Boto encontra-se em extinção porque o homem atribuí-lhe poderes mágicos e usa seus atributos para fabricação de remédios, amuletos e rituais.

Segundo Vera da Silva, Biologa do INPA, na reserva Mamirauá, a cerca de 530 Km de Manaus, onde se encontra uma das maiores concentrações de boto cor de rosa, vem sendo registrada uma queda de 10% ao ano da população desses animais, e isso deve-se em grande parte a construção de hidrelétricas na Bacia do Amazonas, que isolam os grupos dos botos cor de rosa e dificultam a sua reprodução. Os Botos, existem há mais de 5 milhões de anos, eles nadaram através do Oceano Atlântico e chegaram até o caudaloso Rio Amazonas, encantando a todos que deles se aproximam.

Doroni Hilgenberg ( texto)
Antonio Juraci siqueira ( Poema)

5 comentários: