As vezes a força do pensamento faz acontecer
PREMONIÇÃO
Era noite, a garota havia acabado de sair do colégio e estava sozinha. Seu irmão que a acompanhava sempre, havia matado o segundo tempo de aula e ido ao cinema com amigos. Ja´era dez e meia e a noite estava escura como breu. No céu não havia uma estrela sequer e até a lua havia desaparecido. Podia se esperar que a qualquer hora cairia aquele aguaceiro. A garota segue seu caminho até o ponto do ônibus meio assustada, pois lhe parece que olhos misteriosos e seres malígnos a espreitam em cada canto. De repente surge do nada, um motoqueiro que lhe oferece carona. Ela diz não com a cabeça e assustada continua a caminhada. Ele não se dá por vencido, aborda-a na próxima esquina e força a barra. Ela corre até o ponto e pega o ônibus que já estava à espera. Só se sente segura após passar a roleta. Senta-se na frente e tenta acalmar seu coração, enquanto o ônibus parte, rumo a seu destino.
Na metade do pecurso, a garota vê estarrecida, o mesmo motoqueiro ultrapassa-lo. Em cada parada que o ônibus fazia ele ficava a espreita para ver se ela descia. O medo voltou e seu coração batia acelerado. A quem recorrer? Olhou para todas as pessoas do ônibus mas não havia um conhecido sequer. Mentalmente pediu proteção divina, mas sentiu que não bastava. Àquelas horas, Deus devia estar ajudando milhares de criaturas em situações como a dela. E, ele sozinho não vence, é preciso ajudá-lo e ajudar-se. Assim pensando, transmitiu um pensamento a seu pai para que ele viesse busca-la na parada do ônibus. Sabia que àquela hora seu pai já deveria estar dormindo ( ainda mais sendo inverno), mas mesmo assim lançou um pensamento com tanta e tal intensidade que em casa seu pai acordou sobressaltado. Toc...Toc...Toc...Toc...
Naquela época as sandálias tinham um saltinho de metal que produzia um ruído característico contra o piso de cimento. E foi com esse barulhinho que seu pai acordou. Ficou alerta pois não viu a filha abrir a porta ou entrar em casa. Novamente escutou: Toc...Toc...Toc.., sem no entanto ouvi-la entrar. Levanta-se rápido, põe um sobretudo e corre para fora, mas naquela escuridão não enxergou nada. Então, um pensamento lhe ocorre:- " ela chega, e não chega, deve estar em perigo". Rápido, pega uma lanterna e um facão e corre ao encontro da filha.
No momento em que ele chega na parada, o ônibus também vem chegando e a garota vê por entre a luminosidade dos faróis, a abençoada figura de seu pai. Ele havia captado seu aviso... Quentes e silenciosas lágrimas de alívio e de gratidão banham seu rosto, e ela agradece à Deus numa prece silênciosa e pura. Desce do ônibus correndo para os braços do seu pai e logo a seguir surge o motoqueiro numa vagarosidade assustadora. Seu pai pressentindo o perigo, ergue o facão numa atitude ameaçadora e urra como um leão defendendo sua cria. O motoqueiro segue seu caminho numa disparada louca, perdendo-se na escuridão da noite e se acidentando na primeira vala do caminho incerto.
Doroni Hilgenberg
sobre a obra:
Este conto é dedicado ao meu saudoso, querido e inesquecível pai , Guilherme Holmm Dias, companheiro de travessuras, caminhadas e pescarias.
Lendo seus contos e suas poesias, fico com uma ponta de inveja, pois meus textos são secos e pobres. Espero um dia ter alma de poeta, para isso vou lê-la com mais frequência, não só você como os demais poetas de nossa contemporâneidade. Obrigado!
ResponderExcluirForte abraço,
João
Que é isso João?
ResponderExcluirDeixa de ser modesto
Vc é um excelente filósofo e gosto muito
do que vc escreve, sempre voltando para
uma realidade social abrangente.
bjs
Doroni
gente,que merda é essa?eu em,que idiotas,voces dois,falando certo,QUE HORROR...ahhh....e sim,a historia é linda viu,fio !!
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